Relatos de Experiências 2012




 Encontros REM/SC – Relatos de Experiências 2012 


Com a finalidade de contribuir para as reflexões sobre a interface Museu e Escola, a Rede de Educadores em Museus de Santa Catarina (REM/SC) publica nesta página os Relatos de Experiências de professoras/ professores acerca das visitas museais promovidas com seus grupos – desde a educação infantil, até a universidade, incluindo grupos de Educação de Jovens e Adultos, e ainda grupos de educação não formal (ONGs, Associações, entre outros), bem como relatos de educadoras/educadores museais, a fim de contemplarmos os pareceres desses profissionais e ampliarmos possibilidades de troca e cooperação. Lembramos que a REM/SC não se responsabiliza pelas ideias veiculadas e fica isenta de qualquer ônus relativo à publicação/divulgação do material enviado pelos autores.















MEMÓRIA E PRODUÇÃO DE TEXTOS HISTÓRICO-EDUCACIONAIS: 
uma experiência de produção de conhecimentos

Elison Antonio Paim*
Sônia Albertina Celuppi Chiarelo**


Historicamente a extensão universitária no Brasil foi se constituindo como um conjunto de ações para a difusão de conhecimentos e cultura para aqueles que, teoricamente eram desprovidos desses atributos considerados exclusivos da cultura letrada. Sendo assim, cabia a universidade como templo de conhecimento e cultura levá-los para a comunidade na forma de cursos ou eventos de extensão universitária.
Na contemporaneidade a extensão universitária assumiu caráter diverso. Passou a ser um dos pilares de sustentação da universidade junto com o ensino e a pesquisa. Esta nova configuração nos remete a própria natureza da universidade, ou seja, esta em seus princípios a realização de atividades de extensão.
Segundo Jorge Hamilton Sampaio em palestra proferida na Unochapecó em onze de julho de 2006, considera-se assim que na universidade deve haver um imbricamento dos campos epistemológicos, profissional, ético e pedagógico estabelecendo-se alianças com os estudantes, com a comunidade científica e com outras organizações sociais.
No campo epistemológico cabe a universidade acolher os conhecimentos produzidos historicamente, produzir novos conhecimentos e socializar os conhecimentos que nela são produzidos. No campo profissional compete à universidade preparar profissionais para os diferentes setores de trabalho. No campo ético a universidade precisa trabalhar com a formação para a alteridade, transformar conhecimentos em sabedoria e qualificar todas as atividades academias e administrativas que ocorrem em seu interior. No campo pedagógico a universidade precisa estar pautada na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
Diante destas novas demandas sociais colocadas para a universidade o seu grande desafio passou a ser a necessidade da superação práticas que a conceberam historicamente de modo assistencialista e ou mercadológico, devendo-se efetivar, junto ao ensino e a pesquisa, como função da universidade. Para além de prestar serviços às classes populares ou instituir-se como lugar de venda de serviços, a extensão deve ser o lócus de formação humana e social, observando-se ainda a relevância política e ética da sua realização, independentemente da área de conhecimento em que se desenvolve. (SOUZA, 2011).
Nesse sentido, destacamos Silva e Frantz quando reiteram que:

[...] pela extensão [...] a universidade torna-se presente na sociedade, onde ela aprende e ensina; uma rede estendida de produção de conhecimentos; um olhar da ciência para a sociedade e da sociedade sobre a ciência; é uma expressão acadêmica sobre a cultura, os sonhos, a cidadania do povo, o desenvolvimento das comunidades próximas. (SILVA e FRANTZ, 2002, p.171).

Procurando cumprir com os princípios que regem a universidade, a Unochapecó mobiliza-se para o desenvolvimento das atividades de extensão. Neste sentido, é que desenvolvemos o projeto que narramos a experiência de extensão denominada Memória e Produção de Textos Histórico-Educacionais financiada pela modalidade FAPEX. A proposta nasceu da relação direta com um grupo de professores que participam sistematicamente das atividades desenvolvidas pelo CEOM e solicitaram o desenvolvimento de atividades que os colocassem frente a frente com os documentos e, assim, os possibilitasse pensar atividades para serem desenvolvidas no cotidiano das escolas.  Participaram professores da Educação Básica e acadêmicos de graduação. Trabalhamos numa perspectiva que envolveu os participantes diretamente na produção de textos que pudessem ser trabalhados em suas aulas. Estudamos alguns textos para fundamentação teórica; no segundo momento produziram textos sobre indígenas, caboclos, colonização, sindicalismo, cooperativismo, educação no campo e disputa de terras e, num terceiro momento os textos foram apresentados ao grupo.
 Como fundamentação teórico-metodológica do projeto ora narrado nos pautamos em diversos autores. Dentre os muitos que colaboraram para a produção deste relato e análise referenciamos brevemente alguns antes adentrarmos no relato propriamente dito.
 Com o avanço da modernidade capitalista, passou-se a organizar as atividades humanas cada vez mais calcadas em perspectivas técnicas e racionalizadoras. A ciência e a técnica passaram a agir em conjunto, tentando controlar, racionalizar, medir, comprovar, avaliar as ações humanas. Pretendiam, “redimir o homem, oferecendo-lhe os seus conhecimentos e possibilidades instrumentais”, assim: acabou almejando fazer do homem um produto objetivo, negando-lhe a historicidade e a capacidade de produção autônoma (MATOS, 1999).
A educação, como ciência, foi se tornando cada vez mais dependente das condições sociais, culturais, políticas e econômicas vigentes. Primou-se pela objetividade na relação pedagógica que, por sua vez, pressupõe-se neutra, apolítica, racional. Ao profissional da educação coube dominar determinadas técnicas para que a relação pedagógica acontecesse conforme planejado, assim, no interior dessa lógica o profissional da educação seria “um mero executor de tarefas mecânicas” (SEVERINO 2003, p. 86).
Nesta perspectiva, ocorreu uma nítida divisão entre os produtores e os consumidores do conhecimento produzido. Em muitos casos, ocorreu à mecanização do pensamento, a tentativa de negação do mundo das experiências vividas. O conhecimento em geral e, especialmente, o do professor foi sendo reduzido à técnica. Firmou-se a preocupação com a objetividade do conhecimento produzido e esta passou a ser realizada de forma externa, portanto: “o conhecimento é divorciado do significado humano e da troca-intersubjetiva. Ele não é mais visto como algo a ser analisado, questionado e negociado. Em vez disso ele se torna algo a ser administrado e dominado” (GIROUX, 1997, p. 45; VALADARES, 2002).
O controle e dependência do trabalho do professor em relação ao sistema hierarquizado de produção são apontados por vários autores que, com variações, afirmam que a racionalidade técnica promove uma “autêntica divisão do trabalho” (GÓMEZ, 1998), que está assentada numa espécie de naturalização de uma organização do trabalho docente que, tal como o modelo taylorista da organização do trabalho industrial (CORREIA, 1999). Ocorrendo a subtração dos saberes dos atores e, portanto, dos poderes decorrentes do uso desses saberes, os professores não passam de “bonecos de ventríloquo” (TARDIF, 2002), aprofundando o fosso que separa os “actores dos decisores(NÓVOA, 1992).
Em pleno Século XXI para setores da academia, o professor continua tendo como função ensinar o que é produzido pelos pesquisadores, os que possuem – nesse entendimento - a competência para produzir conhecimentos.
Embora pareça que se está em um “beco sem saída”, onde nada mais é possível, no caos educacional, acreditamos que nem tudo está perdido; como se verá, outras perspectivas estão em cena, disputando espaços com a racionalidade técnica. Nesse sentido, foi que desenvolvemos tal experiência de produção de textos.
As atividades foram desenvolvidas numa perspectiva em que os participantes sentiram-se autores de suas práticas educativas. Para atingir tal intento estudamos textos teórico-metodológicos que proporcionaram as ferramentas teóricas e práticas com as quais os participantes produziram os textos didáticos no contato com as fontes disponíveis no Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina - CEOM, programa de extensão da Unochapecó.
As atividades aconteceram parte presencial e parte a distância. Uma ou duas vezes por mês realizamos os encontros com duração de 8 horas/aula cada, realizadas nas dependências do CEOM. As datas dos encontros foram definidas em conjunto com os participantes.
Durante os encontros foram realizadas atividades de: leitura e discussão de textos, no primeiro momento; no segundo momento foram desenvolvidas atividades práticas de manuseio das diferentes fontes.
Após a leitura e discussões teóricas de alguns textos fundamentadores da proposta partimos para a prática com o objetivo de pesquisar, manusear as fontes e produzir um texto didático com temas referentes à região Oeste catarinense. Cada participante escolheu um tema voltado para a história regional com fontes existentes no CEOM cada um foi autônomo e organizador do tema escolhido. A nós coube o papel de auxiliares, instigando, provocando, questionando o que estavam fazendo.
Nos primeiros encontros trabalhamos na perspectiva da construção dos conceitos de memória e produção de conhecimentos e o entendimento do qual seria o papel dos participantes no processo, evidenciando que seriam autores, que estariam participando ativamente do processo, portanto, estariam fazendo-se sujeitos autônomos.
De início realizamos o estudo do texto “Infância em Berlim por Volta de 1900” de Walter Benjamin (1995), fazendo com os participantes percebessem que também possuem memórias e estas são importantes no processo de construção de conhecimento. O autor queria transmitir que na arte de rememoração reconstruímos e buscamos nossas impressões mais remotas sobre o vivido por nós ou por aqueles que nos antecederam. Ao rememorar os sujeitos despertam do presente às experiências na reconstrução do passado, em que de certa forma aciona as dimensões conscientes e inconscientes relacionados com o presente.
            Para o desenvolvimento deste projeto de extensão foram usados também os referenciais de Edward Palmer Thompson, especialmente o texto “Intervalo: a lógica Histórica” presente no livro A Miséria da Teoria (1981), no qual o autor propõe uma metodologia para pensar a história a partir das especificidades da produção do conhecimento. Defendendo que é no diálogo com as evidências históricas que ocorre a produção do conhecimento histórico. Para isso a fonte deve ser interrogada para compreender os ”fatos" ou evidências, em que tem limites, não é uma história pronta e acabada. O papel do historiador, nessa perspectiva, é de fazer as perguntas dos porquês, a história é “exploração”, “hegemonia”, “luta de classes”, a história não é conhecer verbos regulares, não é uma teoria acabada, a história esta sempre em reconstrução e, portanto, é preciso  “explicar”, “compreender” seu objeto. A história não é uma “verdade” pronta e acabada, também não é fictícia e sim um conhecimento em desenvolvimento com diferentes maneiras de pensar interpretar, escrever.
            Quando Thompson diz que: “Homens e mulheres experimentam sua experiência como sentimento e lidam com esses sentimentos na cultura, como normas, obrigações familiares, de parentescos e reciprocidade” (1981, p. 182). Ele propõe que se pense a sociedade através das experiências. Durante as atividades aconteceram momentos em que os participantes pensavam, quais experiências tinham para contar, as relações que faziam com as práticas cotidianas, aulas e o que deveriam desenvolver em sala de aula e com se dá a produção de conhecimentos. Assim, essa experiência de produção de conhecimentos aconteceu muito pautada nas narrações das práticas desenvolvidas em sala de aula possibilitando que os participantes ao narrar recobrassem suas memórias e experiências.
            A cada encontro iam acontecendo as discussões sempre centradas nos sujeitos como parte integrante da história. Ao iniciar as atividades cada professor colocou um pouco de sua história, de onde vinha, qual era sua função e qual era sua expectativa. Dessa forma, foram percebendo que cada um tinha uma história e que são sujeitos históricos; que a história individual de cada um de certa forma cruzava-se com outras histórias individuais, tornando-se uma história coletiva e, que esta é, de certa forma, formada de memórias e lembranças. Foi um momento em que cada um colocou elementos de sua vida, sua história e as dificuldades enfrentadas como profissionais da educação.
Na seqüência trabalhamos com os textos “Artes da Rememoração: dialogando com percepções de memória” (2005), “No Diálogo com Thompson e Benjamin a Busca de Ferramentas para Pensar o Fazer-se Professor” (2006) e “Do Formar ao Fazer-se Professor” (2007), todos de autoria do propositor da experiência. 
            Depois da leitura e debates dos textos, nos encontros seguintes os professores foram às fontes. Cada um já havia escolhido um tema ou assunto que iria pesquisar. A partir do trabalho com as fontes iniciaram a produção de um texto histórico-educacional pensando em um público específico, ou seja, já foram definindo em qual turma seria possível trabalhá-lo.
Foram desenvolvidos os seguintes textos: A (i) legitimidade da desapropriação; Fragmentos da história do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caxambu do Sul; Cooperativismo; A educação do campo no contexto dos anos 1990: entraves e perspectivas; A construção da identidade cabocla no município de Guatambu – SC; Caboclos no processo de colonização do Oeste de Santa Catarina; Antigos habitantes destas terras: Um estudo sobre os povos que habitaram a região do atual Oeste Catarinense antes da colonização européia; Um ensaio xanxerense; A Colonização do Oeste Catarinense; Presença da etnia cabocla no território do município de Abelardo Luz.
 Com os textos prontos realizamos uma socialização dos mesmos e assim, realizadas as correções juntamente com o grande grupo, tiradas as dúvidas. Sempre acompanhado de intervenções dos colegas, do professor coordenador do projeto e da bolsista.
            Ao dialogar com os participantes trazemos agora alguns fragmentos de falas em diferentes momentos enfatizando o que significou para cada um ter participado deste projeto. “No primeiro dia eu não me encontrava aqui, hoje tenho uma outra visão. O comprometimento a experiência com idéias diferentes... A proposta do curso de trazer as experiências em forma de texto. A fala do outro, o ouvir nos ajuda a pensar e repensar” (Isabel). “Esse debate... para ser trabalhado e essa produção que foi feita deve ser produzida deve ser trabalhado em sala de aula, conseguir trabalhar alguns aspectos” (Josiano).  “Selecionamos, relacionamos especialmente aqueles que mais nos intrigam, faz com que a gente vai atrás da leitura. Achei que não ia dar certo, que ia ser mais difícil, mas o pessoal se organizou bem rápido e logo vi todos lendo e escrevendo” (José).  “No começo estava me sentindo perdida, mas agora achei um texto que me interessei, sobre a cooperativa, trabalhar em sala de aula o cooperativismo com um olhar mais social cooperativo e não só competitivo” (Miriam).
Outras falas vêm no sentido de avaliação do conjunto dos trabalhos desenvolvidos, vejamos:
Eu acho que um ponto negativo nós que na verdade quem não se aplicou mais pra estar chegando até aqui né, que nem eu comecei por alguns motivos parei e então deixei de aprender, por que na verdade como eu não sou da área eu vim eu mais aprendi do que ajudei, mas eu achei que foram bons esses encontros dos poucos que eu vim deu pra tirar proveito de varias coisas. Eu aprendi na verdade junto com vocês porque eu não sou da área, então eu acho que vai dar para se um dia de repente a gente fora de sala normalmente substitui tem que ir pra sala de repente vai dar pra dar uma colaborada com os professores até na questão de achar o material na biblioteca, material de pesquisa, ta colaborando pra saber um pouco mais da história (Marlene).
Para a história aqui da região vai ser um resultado bom, porque a gente está produzindo um material aqui dentro de várias temáticas só tem que dar, se chegar às escolas como material de ensino, e eu gostaria assim que tivesse outro curso  pra repetir, participar pra produzir mais coisas, acho que agora a gente esta mais motivado pra produzir  e se depois pudesse... De repente a gente divulgar pra quem não veio (André).
Fazer uma propaganda maior, fazer uma nova turma para professores que trabalham assuntos regionais. Na verdade, eu vejo que tem pouco trabalho dentro desse assunto de estudos regionais, e nas escolas o que a gente percebe principalmente a história em si ela esta mudando... História do mundo, história do Brasil, mas sobre a nossa região não... Com novas discussões a serem do ensino da história regional (Robson).

Diante da riqueza que foi a experiência só temos a lamentar a baixa participação dos inscritos. Eram 33, porém chegamos ao final com apenas 11 textos produzidos. Os atrapalhos e empecilhos foram muitos desde a não liberação do ponto dos professores pelas direções de escola, o não entendimento da proposta por aqueles que se inscreveram pensando que seria um curso no qual o ministrante iria passar receitas de como deveriam ensinar, problemas de doenças, reuniões nas escolas nos dias em marcávamos os encontros... No entanto, como avaliaram aqueles que viveram toda a experiência avaliaram-na como uma oportunidade de discutir a formação de professores junto com professores, com as experiências vividas por eles, sua metodologia, as relações que fazem entre teoria e práticas cotidianas.
O interessante foi o fazer, a produção que apesar das desistências foi superior àquilo que esperávamos. Esta experiência mostrou mais uma vez o quanto é importante pensar que todo o professor é capaz. Todo professor ou todo o acadêmico se constrói, é capaz de pensar e fazer a produção de conhecimentos. Reforça a tese da necessidade de oportunizar experiências de produzir conhecimentos aos professores e acadêmicos, pois se o professor não tem oportunidade, se nunca fez como irá aprender a fazer? Como falou a professora Marlene: “se você nunca fez a produção, se você não tem a oportunidade você não vai saber fazer nunca”. Porém, no momento que os desafiamos possibilitamos que pensem na produção que percebam que são capazes. Esse foi o grande ganho desse momento, aqueles que vieram até o final que foram participando, se perceberam enquanto sujeitos capazes de produção. Perceberam que não é apenas o doutor que esta na universidade que tem essa capacidade de produzir. Cada um dos participantes com mais ou menos dificuldades, com uma caminhada mais próxima do que fizemos, para outros foi o primeiro momento de produção de conhecimentos embora já tivessem uma caminhada grande na escola.
Neste sentido, esta experiência possibilitou reafirmar uma série de convicções desenvolvidas ao longo da caminhada como formador de professores, especialmente, que é possível pensar que os professores são sujeitos, são capazes de produzir. No entanto, precisa que a universidade se abra mais ainda para estas possibilidades, que oportunize trazer outras pessoas, trazer mais pessoas pra esse espaço, como um espaço de construção, de produção. Reforçou a tese de que é falsa a máxima que afirma que alguns devem produzir e os outros devem transmitir, ensinar, repassar ou aplicar na escola. Esta experiência mostra como é possível romper com tudo isso. E, o quanto é perverso pensar e defender que alguns só podem ler o que os outros fazem e depois ensinar. Esta concepção de educação tem uma carga muito grande de preconceito, de não acreditar que o professor é capaz, que os sujeitos são capazes de produzir conhecimentos.
O que fica como resultado da experiência é pensar na possibilidade, no quanto se é capaz. Basta tirar o tempo, pensar, se organizar, ir para o CEOM, pesquisar, estudar... Porém, não basta produzir se não possibilitar que as pessoas produzam por conta própria, que andem sozinhas. O grande desafio é produzir dentro da escola, pois é lá que irá acontecer à mudança a partir da possibilidade das pessoas dentro da escola pensarem a produção. Enquanto ficarmos levando as coisas prontas, ir lá falar, falar e não colocar as pessoas para agirem, dificilmente conseguirá causar algum impacto, alguma mudança nas escolas.


Referências

BENJAMIN, Walter. Infância em Berlim por volta de 1900. In: Rua de Mão única. 5ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1995, p. 73-142 (obras escolhidas vol. 2).
CORREIA, José Alberto. Os “Lugares-Comuns” na Formação de Professores. Porto - Portugal: Edições ASA, 1999.
DETONI, Adriana. Oficina de elaboração de Projetos Sociais. Chapecó: Unochapecó (Oficina ministrada em 04/09/2006).
GIROUX, Henry A. Os Professores Como Intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Porto Alegre: ARTMED, 1997.
GÓMEZ, Angel Pérez. A Cultura Escolar Na Sociedade Neoliberal. Porto Alegre: ARTMED, 2001.
MATOS, Junot Cornélio. Professor reflexivo? Apontamentos para o debate. In: GERALDI, Corinta Maria Grisólia, FIORENTINI, Dario e PEREIRA, Elisabete Monteiro de A. (Orgs.). Cartografias do Trabalho Docente. Campinas: Mercado das Letras, 1998, p. 277-306.
NÓVOA, Antonio (Org.). Vidas de Professores. Porto - Portugal: Porto, 1992.
PAIM, Elison Antonio. Memórias e Experiências do Fazer-se Professor (a). 2005.532f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP, Campinas, 2005.
PAIM, Elison Antonio. No diálogo com Thompson e Benjamin, a busca de ferramentas para pensar o fazer-se professor. Revista Pedagógica. Chapecó, v.1, n.16, p.107-135, Jan/jul 2006.
PAIM, Elison Antonio. Do formar ao fazer-se professor. In: MONTEIRO, Ana Maria et. alli (Orgs.). Ensino de História: sujeitos, saberes e práticas. Rio de Janeiro: Mauad/FAPERJ, 2007, p.157-171.
SAMPAIO, Jorge Hamilton. A extensão universitária no contexto da formação de cidadãos “dentro” e “fora” da academia. Chapecó: Unochapecó (Palestra proferida em 11/07/2006).
SEVERINO, Antonio Joaquim. Preparação Técnica e Formação Ético-Política dos Professores. In: BARBOSA, Raquel Lazzari Leite (Org.). Formação de Educadores: desafios e perspectivas. São Paulo: Ed. UNESP, 2003, p.71-89.
SILVA, Enio Waldir da; FRANTZ Walter. As funções sociais da universidade: o papel da extensão e a questão das comunitárias. Ijuí: Ed. Unijuí, 2002.
SILVA, Enio Waldir da. Universidade e Extensão. Chapecó: Unochapecó (Curso ministrado em 11/08/2006).
SOUZA, Márcia; CAPITANEO, Alâna. Bolsa Amarela: leitura e formação de leitores na extensão universitária. Chapecó: Unochapecó, 2011. (Texto Digitado).
TARDIF, Maurice. Saberes Docentes & Formação Profissional. Petrópolis: Vozes, 2002.
THOMPSON, E.P. A Miséria da Teoria – ou um planetário de erros. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
VALADARES, Juarez Melgaço. O Professor Diante do Espelho: reflexões sobre o conceito de professor reflexivo. In: PIMENTA, Selma Garrido e GHEDIN, Evandro. Professor Reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. São Paulo: Cortez, 2002, p.187- 200.



*Doutor em Educação pela UNICAMP. Quando do desenvolvimento da experiência era professor de Teoria e Metodologia do Ensino de História no curso de História da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó) e responsável pelo Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (CEOM). Atualmente, é Professor Adjunto I lotado no Departamento de Metodologia de Ensino (MEN) do Centro de Educação (CED) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
**Graduada em História pela Unochapecó, bolsista do projeto.








Vivências Educativas da Escolinha de Arte em
Espaços Expositivos

                                                               Simone Faoro dos Santos                                                                     Prof.ª de Artes EAF/FCC


A Escolinha de Arte de Florianópolis (EAF), criada em 1963, ocupou o subsolo da Biblioteca Pública desde julho de 1979 e no ano de 2008 passou a desenvolver suas atividades em uma sala, nas Oficinas de Arte no Centro Integrado de Cultura (CIC). O CIC é administrado pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC), instituição à qual a Escolinha é vinculada.

Por ocasião da reforma no prédio em 2009 e 2010, a Escolinha de Arte realizou ações itinerantes, em instituições próximas ao CIC, na Creche Nossa Senhora de Lourdes, E.E.B. Hilda Theodoro Vieira, Paróquia São Luis e Hospital Universitário.

Com o término das obras em março de 2011, retornou ao seu espaço, iniciando suas ações no segundo semestre. Em 2012, conquista um espaço maior, atendendo crianças de 04 a 12 anos, no período matutino e vespertino, com aulas de artes visuais e musicalização. Seu objetivo é oportunizar e estimular experiências artístico-estéticas, facilitando assim, a imaginação, a socialização, a capacidade crítica e o conhecimento.



Devido a Escolinha estar inserida no mesmo prédio que o Museu de Arte de Santa Catarina (MASC), favorece visitas neste Museu. Esta facilidade não impede que a Escolinha visite outros espaços expositivos.

O objetivo de freqüentar esses espaços é ampliar as possibilidades expressivas, através do contato com obras de diferentes modalidades e movimentos artísticos, desenvolvendo também atitudes de observação, percepção e conhecimento da produção do artista; oportunizar a experiência da criança com a arte contemporânea, ampliando seu conceito de arte e formar um público frequentador dos espaços expositivos.

Em 2011, os alunos da Escolinha de Arte vivenciaram as exposições: “Tempo, Espaço e Arte” – Trajetória do Museu - MASC, “Linhas Artísticas” no acervo do MASC e Labirinto Particular - MASC e, no ano de 2012, “Contemplo” – Bené Fonteles - MASC, “O que há de vir?”- Silvana Leal - MASC, Soixante-dix – Juarez Machado - MASC e Hassis & HQ/Fundação Hassis.

Nestas visitas foram observados alguns pontos positivos como: o interesse e envolvimento crescente nas visitas às exposições, inclusive retornando com a presença dos pais; o prazer de conhecer, compreender e refletir sobre as obras artísticas; maior facilidade em expor o que pensam e o sentido que elaboram ao fruir a produção artística, principalmente a arte contemporânea.

“Eu gostei muito da exposição da Silvana Leal, até convidei meus pais, eles gostaram muito. Tinha vários: um trono dos reis, tinha roupa feita de rede e concha e tinha um vídeo com a tela bem grande” – Felipe 10 – anos.

Gostei da obra de Bené porque ele tirava o lixo do meio ambiente e fazia os seus trabalhos” – Lucca – 10 anos.

A bicicleta de rodas quadradas foi a obra mais legal que eu vi” – Rafaela – 07 anos.













                                  Museu do Brinquedo: sonho/realidade
                                                                                   
Telma A. Piacentini


                       
1 - O relato

No início dos anos 80, ao pesquisar o mundo dos brinquedos como manifestação da cultura infantil, foi possível encontrar na obra de Franklin Cascaes - apontada como expressão da cultura açoriana – as suas esculturas sobre as brincadeiras da Ilha de Santa Catarina.
       Essas brincadeiras, consideradas como manifestações de determinada época e espaço, ao caracterizar o universo amplo da qual fazem parte e situar as redes de relações complexas que se estabelecem entre o modo específico de brinquedo e o mundo amplo caracterizado como um universo do imaginário (dotado de bens materiais e imaterias) permitem perceber o modo como a sociedade se fundamenta e se organiza. 
        Desta forma, foi possível detectar a mistura de heranças luso-açoriana, negra e indígena que caracterizam o imaginário ilhéu, ultrapassando a unicidade da vertente açoriana de até então. Tal fato por si só, levou-nos a apostar na possível criação de um museu dos brinquedos, para ampliar as possibilidades da expressão de outras culturas, como a italiana, alemã, árabe e outras ocidentais e também a cultura oriental, convivendo harmoniosamente na configuração de nosso espaço geo-social e cultural.
       Ao dar ao brinquedo a dimensão de que as crianças não são uma comunidade separada, mas parte do povo a que pertencem, é que se abriu a perspectiva de um museu, entendendo que o diálogo mudo e autônomo poderia ser substituído por um mundo de signos construtores entre a criança e seu universo mais amplo.
    As brincadeiras que fundaram nosso Museu foram perpetuadas através de cenas recolhidas e reelaboradas pela sensibilidade de um artista popular e erudito de tal envergadura, que integrou à cultura popular o mundo aproximado de homens e mulheres que configuram um modo de ser e de estar na sociedade. Trata-se também de uma resistência à postura que se quer hegemônica e dita de progresso, que tenta desde o tempo de Cascaes de substituí-la por algo que não é nossa herança positiva e promotora de nosso desenvolvimento. Assim, destaca-se o viés de resistência cultural do Museu do Brinquedo da Ilha de Santa Catarina.
        Além da configuração do imaginário local integrado ao mundo em que vivemos, através dos brinquedos e brincadeiras foi possível recuperar a memória cultural da Ilha de SC e criar um acervo fotográfico no Museu Universitário (hoje recuperada a característica antropológica e museu renomeado como MARquE, Museu de Antropologia Prof. Osvaldo Rodrigues Cabral).
         Os brinquedos e brincadeiras apresentam-se neste contexto, como brincadeiras antigas, somadas às criadas e oportunizadas pelos adultos e àquelas escolhidas e feitas pelas próprias crianças. Desta configuração de Franklin Cascaes, a universalização dos brinquedos possibilitou um acervo de convivência cultural integrada e harmoniosa entre expressões das diferentes etnias e características culturais.
         O acervo está apresentado através de uma exposição permanente no primeiro piso da Biblioteca Universitária, na reserva técnica do MARquE, em exposições temporárias, na Ala Virtual e na implantação da Ala Ecológica, no Parque ecológico do Córrego Grande, tomando a forma de um polvo, cujos tentáculos são as alas.
       Ligado ao Núcleo Infância Comunicação e Arte (NICA), criado também em 1999 no Centro de Educação da Universidade Federal de SC, hoje pode fazer parte da linha de pesquisa infância, imaginação e cultura lúdica, integrado ao campo Estudos da Infância, a saber.

O Núcleo Infância, Comunicação, Cultura e Arte (NICA) tem construído desde 1999 uma base considerável de pesquisas sobre as relações entre Infância, Mídia, Cultura e Arte, no contexto da elaboração de teses, dissertações, iniciação científica e monografias na UFSC. O grupo possui três linhas de pesquisa - Infância, imaginação e cultura lúdica; Mídia-educação e formação de professores; Fronteiras culturais e educação - articuladas entre si pelos eixos transversais e pelas ênfases que dão à importância da Arte, da Comunicação, da Cultura na Educação. Os principais referenciais teóricos do grupo provêm de campos como os Estudos da Infância, os Estudos Culturais e de Recepção e a Mídia-Educação. Entre as diversas atividades que envolvem o grupo de pesquisa, está a articulação entre ensino, pesquisa e extensão, parcerias com instituições locais, intercâmbio regular com outros  pesquisadores nacionais, e acordo de cooperação internacional. 

É um museu pequeno, porém de grande significado cultural local e integrado via Ala Virtual às possibilidades contemporâneas. Seu destino depende, basicamente, de decisões políticas e mente aberta, pois a Universidade Federal de Santa Catarina possue os requisitos necessários para sua manutenção e ampliação. Criado como metamuseu do Museu Universitário/UFSC, possui uma estrutura inovadora e flexível e um potencial imprevisível de possibilidades.

Desenvolver pesquisas de alto nível somando-se ao trabalho de visitas, contação de histórias, trabalhos práticos com arte, tanto nas escolas, como no espaço museal, já possível de ser desenvolvido com a comunidade escolar (a exemplo dos Animando o Museu do Brinquedo I e II) e os cursos de graduação e pós-graduação da UFSC, aliando Educação e demais áreas humanas e sociais, diferentes etnias e culturas, materiais do mundo lúdico infantil, o Museu do Brinquedo integra-se e amplia as possibilidades de uma experiência positiva em nossa cidade.


2 -  O DNA do museu

    Criado em 1992 através da proposta encaminhada pelo Departamento de Estudos Especializados em Educação/Centro de Educação, o Museu do Brinquedo configurou-se como:

Explicitações sobre o Museu do Brinquedo 

         1- Questões preliminares

A criação de um Museu do Brinquedo na Ilha de Santa Catarina possibilita a abertura de um espaço pedagógico e cultural de incalculável dimensão.
        Além do registro da memória cultural de um povo e da preservação de suas condições de vida através da guarda adequada de objetos da infância, a presença de um Museu com tais características proporciona, às gerações atuais e futuras, a possibilidade de estudos de identificação do universo pessoal e social da existência humana.
     Se os brinquedos antigos nos permitem compreender o mundo infantil de épocas passadas, os atuais nos permitem registrar o mundo de agora. Nesta simples constatação já se pode vislumbrar duas características bastante diferenciadas: o ato de
brincar com brinquedos antigos elabora um tempo interno denso, demorado e amplo, se comparado ao dos brinquedos eletrônicos.
A relação criança-brinquedo, estabelecida através dos brinquedos que proporcionam um contato mais próximo - como a boneca, o carrinho de rodas, o cavalinho de pau, por exemplo - não desenvolve somente uma brincadeira, mas cria em si um espaço de afetividade, de sentimento com o objeto.
O mesmo se pode constatar com os brinquedos eletrônicos, porém num outro tempo de aferimento e de envolvimento afetivo: passaporte da geração atual, esses brinquedos estabelecem uma relação rápida e eficaz no trato com o brincar, passando de uma situação à outra, imediatamente e, ao assim proceder, elabora um espaço interno diferente.
É este espaço, somado ao outro - ao dos brinquedos ‘antigos’- que criará o tempo interno necessário ao desenvolvimento de determinadas capacidades que, se ausentes da vida do ser humano, interferirão diretamente no seu processo de crescimento e humanização.
É de se salientar que nas brincadeiras em grupo - bolinha de vidro ou de gude, jogos de amarelinha, casinha, bola, cirandas, etc - a relação com o brincar se dá de outra maneira: passa por um terceiro (os parceiros), cuja presença em si divide o tempo do brincar e estabelece outra relação e outros sentimentos. O mundo da infância, aqui, está sendo compartilhado, e o brinquedo e os parceiros elaboram um mundo de sentimentos e ações com novos significados sócio-afetivos.
Se atentarmos para o que significa um mundo sem a presença do brinquedo, podemos antever uma vida cinzenta e fria, sem a cor da infância, destituída de alegria e de projetos de felicidade e de calor humano.
O ato pedagógico de ‘guardar’ brinquedos num lugar público e de fácil acesso possibilita abrir o mundo infantil aos olhos de crianças e adultos, através de espaços cuidadosamente montados para a sua apreciação e de espaços estrategicamente criados para uma vivência cultural significativa, representa uma resposta de valorização do mundo infantil e de respeito ao mundo adulto que, por meio de diferentes vias, é resultado de um tempo de infância.

2 - Possibilidades imediatas
               
- Colocar em execução o Ante-Projeto aprovado na UFSC, em l992.
- Exposição de Brinquedos, em Florianópolis, na Semana da Criança.
-Campanha de doação de brinquedos, através da imprensa falada e escrita.
- Catalogação dos brinquedos já disponíveis.
  
3 - Necessidades futuras
              
- Elaboração do Projeto de Instalação do Museu do Brinquedo.
- Aprovação do Projeto de Instalação pelas entidades envolvidas.



3 - A criação do Museu do Brinquedo da Ilha de Santa Catarina

  Num tempo de globalização, destacar a identidade cultural é tarefa necessária de preservação e desenvolvimento de heranças culturais positivas.  A identificação da “cor local” da cultura da criança e que é demarcada pelo especificamente infantil – o brincar – constitui o mapeamento necessário para delimitar o espaço pedagógico, àquele que interfere diretamente na formação do futuro adulto.
      O nosso Museu apresenta a nossa diversidade cultural, mesmo sendo pequeno e discreto. Foi criado ligando-se às brincadeiras infantis de Franklin Cascaes, no Museu Universitário.
   A partir do trabalho de pesquisa sobre as brincadeiras infantis em Franklin Cascaes, estudos foram realizados junto às escolas de Florianópolis, como as Dissertações de Mestrado do Programa de Pós-Graduação do CED/UFSC – de Mônica Fantin, “Jogo, Brincadeira e Cultura na Educação Infantil”, 1996 e de Débora Cristina de Sampaio Peixe, “Material Lúdico na Educação Infantil: um estudo sobre a distribuição e o uso de Brinquedo e Jogos nos NEIs de Florianópolis, 1999.
    A realização do 1ºSEBRINQ, 1997, envolvendo também a EMBRATEL, a Secretaria Municipal de Educação e o Museu Universitário, além do CED/UFSC e o Projeto A BELEZA DA INFÂNCIA, parceria com a EMBRATEL, a Casa da Criança e do Adolescente do Morro do Mocotó e o fotógrafo Bira Dias, coordenado pela pesquisa do CNPq /UFSC e somando-se a encontros  pedagógicos sobre imagens de infância, para o conjunto de professores populares de Florianópolis, criaram as bases para revitalizar o projeto de Instalação do Museu do Brinquedo, aceito na proposta encaminhada à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da UFSC, em 1992, aguardando condições favoráveis para sua implantação.
       No ano de 1998 foram realizadas atividades no Museu Universitário envolvendo crianças das escolas da rede de ensino do Município, como “Pic-Nic Cultural”, brincadeiras coletivas infantis e exposição de brinquedos e contação de histórias. Estavam postas as condições para reativar a proposta de criação do Museu, de 1992.
    Incluída no Plano de Trabalho junto à pesquisa no Pós-Graduação em Educação no CED/UFSC e  aprovada  pelo CNPq  “A Representação da Infância no Período Moderno – imagens da criança, do brinquedo e das brincadeira na formação da cultura infantil em Santa Catarina “( estudo dos brinquedos indígenas, negros, italianos e alemães), e através do NICA, Núcleo de Pesquisa Infância, Comunicação e Arte, também ligado ao CNPq, foi criado, no dia 23 de setembro de 1999, o Museu do Brinquedo da Ilha de Santa Catarina, integrado ao Museu Universitário da UFSC, como Metamuseu, isto é, um Museu dentro de outro Museu.
      Em 2003, retomando os trabalhos, evitou-se que o acervo fosse doado para o Museu do Brinquedo da USP. Foi realizada com a colaboração de Cristina Castelano e Hermes Graibeb, a documentação de 144 brinquedos e objetos como vestidos da boneca Barbie, fotos da boneca de louça mais antiga – a boneca bebê/avó do museu -, Banner e notificado o desaparecimento da boneca Karajá, imagem documentada na Revista Criança, do MEC - Novembro, 2002, pág.13.
        Enfim, com um acervo composto por doações e mantido pela UFSC, através do antigo Museu Universitário Prof. Osvaldo Rodrigues Cabral atualmente Museu Arqueológico e Etnográfico - o MARquE – com parte da reserva técnica e da Biblioteca Universitária com a Ala de Exposições Permanentes, somado à Ala Virtual e a implantação da Ala Ecológica no Parque Ecológico do Córrego Grande, o Museu do Brinquedo configura-se como uma estrutura aberta semelhante a um polvo, o que permite o seu crescimento através de alas ou tentáculos/braços.


     4 – Conclusão

        Ao nos referirmos à criação do MUSEU DO BRINQUEDO numa Universidade Pública, estamos apresentando a abertura de um espaço pedagógico e cultural de incalculável dimensão. Além do registro de memória cultural de um povo e da preservação de suas condições de vida através da guarda adequada de objetos da infância, a presença de um museu com tais características proporciona às futuras gerações o acesso e o estudo de identificação do universo pessoal e social da existência.
       Podemos dar ao Museu do Brinquedo da Ilha de Santa Catarina (MBISC) o conceito de um Centro de Cultural Infantil, como espaço educativo, isto é, um espaço de cultura, apresenta a nossa diversidade cultural, mesmo sendo pequeno e discreto. Foi criado ligando-se às brincadeiras infantis de Franklin Cascaes, acervo do/no Museu Universitário, hoje MARquE, Museu de Etnografia e Etnologia Prof. Oswaldo Rodrigues Cabral.
                          

Destaques de atuação:

Além do Cadastro Nacional de Museus/IPHAN, como metamuseu do Museu Universitário/UFSC e proposta de criação do MUSEU VIRTUAL, através do NICA/CNPq – UFSC e o Acordo de Cooperação  com a Università Cattolica del Sacro Cuore di Milano/Itália, ainda em andamento, destaco a parceria com Spazio Brazzà, na Itália e a exposição temporária de brinquedos de crianças do grupo indígena Galibi Morworno, do Amapá, no período de 8 de dezembro de 2006 a 2 de agosto de 2007, aproximando diferentes culturas através de brinquedos semelhantes.


BIBLIOTECAS físicas envolvidas:

ü      Biblioteca Central Universitária da UFSC
ü      Biblioteca Setorial do CED/UFSC
ü      Biblioteca do CEART/ UDESC
ü      Biblioteca e Centro de Documentação do MASP- Museu de Arte de São Paulo
ü      Biblioteca do MASC – Museu de Arte de Santa Catarina
ü      Barca dos Livros


PUBLICAÇÕES como referência para divulgação do trabalho do Museu do Brinquedo:

Museu do Brinquedo na Ilha de Santa Catarina, Telma Anita Piacentini e Mônica Fantin, Revista Criança do Professor de Educação Infantil, Ministério da Educação, n.37, de novembro/2002.

Museu do Brinquedo como Centro Cultural Infantil, Telma Anita Piacentini e Mônica Fantin, in Museu, Educação e Cultura. (orgs.) Maria Isabel Leite e Luciana O. Ostetto, Campina: Papirus Editora, 2005, pp. 55 - 71 ; 2006 (2ª. Ed.)

A Criação do Museu do Brinquedo da Ilha de Santa Catarina da Universidade Federal de Santa Catarina – RELATO DE EXPERIÊNCIA, Telma Anita Piacentini, Revista Perspectiva, Dossiê Educação, ensino e formção de professores, Volume 25, n.2, julho/dezembro 2007, pp. 593 – 609.


Obs.: foram projetadas imagens e conteúdo sobre a criação do Museu do Brinquedo e aberto diálogo com os participantes.
                                                                                                             Florianópolis, inverno de 2012.




















Visitando o museu: vivências na Educação Infantil

Carolina De Nicola
Prof.ª de Arte – Colégio Bom Jesus Coração de Jesus

Em 2009 fiz o primeiro contato com o Museu Histórico de Santa Catarina – Palácio Cruz e Sousa (MHSC), para conhecer o trabalho educativo que desenvolviam, e fui muito bem recebida por Christiane Castellen, educadora do Núcleo de Ação Educativa que me apresentou o museu e seus projetos. Em seguida agendamos a primeira visita das crianças do Colégio Bom Jesus Coração de Jesus (localizado no centro de Florianópolis) à exposição da artista plástica Maria Lucia Mascelani Mourão, “Coração Confiante”. Para minha surpresa, além de visitar a exposição, as crianças teriam a oportunidade de conhecer a artista e conversar com ela. Foi uma experiência maravilhosa, a Maria Lucia foi apresentando seu trabalho aos alunos e respondendo suas perguntas, acredito que tenha sido uma troca inestimável. Depois disso, os alunos receberam da artista um exemplar do seu livro “MIM” e um coquinho (fruta que nasce de uma palmeira nativa da Mata Atlântica no Brasil). Ela contou como brincava com o coquinho e como ele se tornou personagem de seu livro, resgatando brincadeiras simples, onde o que manda é a imaginação.
Os 44 alunos, na ocasião da visita, tinham entre 5 e 6 anos de idade, alguns nunca tinham ido a um museu antes, e todos saíram encantados. Sei de criança que guarda até hoje seu “Coquinho”.
No mesmo ano recebi do MHSC um convite instigante, para participar da exposição “Projeto 365”, das artistas plásticas Cassia Aresta, Helenita Peruzzo e Rosa Grizzo. Dessa vez levei os 28 alunos do 1º ano para visitarem a exposição, também no MHSC depois, já de volta ao colégio, cada um recebeu um suporte de papel paraná,  no tamanho 10x10 cm, o mesmo usado pelas artistas, para produzir um trabalho artístico que seria inserido ao Projeto 365. Além do material oferecido na sala de arte, cada aluno trouxe de casa algum objeto que gostaria de utilizar em seu trabalho. Foi uma experiência muito gratificante, as crianças capricharam em suas produções e depois retornaram ao museu e ajudaram as artistas a montar a exposição na parede.
Em 2011 uma nova visita foi agendada com o MHSC, para a turma do nível D (5/6 anos). Havia duas exposições temporárias, “Fortalezas e suas edificações” e “Os portugueses na ilha”, os alunos ouviram atentamente da mediadora do museu, as histórias sobre como e porque os fortes foram construídos, e ficaram maravilhados com as maquetes e a miniatura de um canhão. Na mostra de fotografia, conheceram alguns costumes portugueses que permanecem fortes até os dias de hoje e receberam uma reprodução da foto da dança “Pau de Fita”, para completarem com desenho.
Acredito que quando a visita é contextualizada com a vivência do aluno e com o tema de estudo daquele momento, há um maior aproveitamento desta ação. Procuro “linkar” a visita ao tema de estudo em arte e realizar alguma atividade após a visitação, para reforçar o que foi apreciado. Esta parceria com o MHSC tem dado bons resultados e enriquecido minhas aulas.






O  “Jogo Cruz e Sousa”, desenvolvido pelo Projeto Novos Talentos do Programa Santa Catarina Games, apresentado no relato da Prof.ª Marcia Regina Battistela está disponível em: <http://projetoscgames.blogspot.com.br/2011/12/jogo-crus-e-sousa_06.html>.








 Projeto Fazendo Artes/ Centro de Artes Divina Ideia 
 Larissa Janning

O vídeo que integrou parte de  seu relato está disponível em: 
 <http://www.youtube.com/watch?v=OcWimtafZ2Y> .






Conhecendo um pouco da nossa história...
                                                          
                                                               Renata Lewandowski Montagnoli
                                                                                                               Prof.ª de História 


Contato professora: renata.lemon@hotmail.com
Disciplina: História
Museu visitado: Palácio Cruz e Sousa – Museu Histórico de Santa Catarina
Turma que participou da visita: 7ª série 01 e 02 (matutino) – 36 alunos/as
Data da visita:  16 de novembro de 2011

Objetivo da visita
Proporcionar aos educandos um momento de aprendizado diferenciado e divertido, unindo os conhecimentos aprendidos em sala de aula, com a vivência de uma visita a um espaço de saber não formal.

Conteúdo estudado no momento da visita
História do Brasil – Processo de Independência.

Relato da Professora
A Escola Municipal Oswaldo dos Reis está localizada no bairro Várzea, atendendo hoje mais de 650 alunos do Ensino Fundamental (1° ano a 8ª série). Diferentemente de outros bairros do município (Itapema/SC), concentra um grande número de pessoas originais da localidade, os chamados popularmente de “nativos”. A comunidade ainda preserva muitas atividades dos primeiros colonizadores açorianos, como:   brincadeiras com boi, engenho de farinha, terno de reis, entre outros.
Ao longo do ano letivo, as alunas e os alunos sempre solicitam aos professores as saídas de campo dos mais diferentes tipos... Percebe-se que eles querem momentos de aprendizagem diferenciados, pois é uma das poucas vezes que tem a chance de visitar um museu, uma cidade, um observatório astronômico, um zoológico, etc.
Sabemos que as famílias muitas vezes não tem condições de promoverem eventos como esses com seus filhos e outras vezes, esse tipo de conhecimento não faz parte de sua vivência. Percebendo essa realidade, a escola Oswaldo dos Reis, busca promover esses momentos para além dos muros da escola.
A visita ao Palácio Cruz e Sousa foi uma oportunidade para que os jovens fossem até a capital do estado (Florianópolis), pois muitos nunca tinham ido, além de possibilitar o aprofundamento dos conhecimentos históricos sobre a História do Brasil e de Santa Catarina. Como estudávamos o processo de independência do Brasil, foi possível materializar os conteúdos didáticos através do espaço museal, como: o desenvolvimento da província de Santa Catarina, as simbologias da época, a arquitetura, a organização política, entre outras coisas.

Dificuldades enfrentadas
As duas maiores dificuldades enfrentadas no momento de realizar as visitas são:
· A não possibilidade de realização de ligações para outros DDD que não o (47), impedindo muitas vezes que a escola entre diretamente em contato com o local a ser visitado.
· O agendamento do ônibus, que muitas vezes são insuficientes, não atendendo as necessidades das escolas.

Atividade proposta para a visita
Depois da visita realizada, dos registros feitos, todos os estudantes elaboraram um relatório  sobre o museu e criaram um desenho daquilo que mais lhes chamou a atenção.

Frases retiradas dos relatórios  dos alunos(as)

Fonte foto: arquivo pessoal Renata L. Montagnoli



“(...) acho que nunca teria oportunidade de conhecer; eu mesmo fui muitas vezes para Floripa, passei por lá e nunca percebi o museu. Gostei muito do passeio, foi um experiência ‘incrível’ para toda a turma (...)”.
 Everton Manoel 7ª 02


“Eu particularmente achei muito legal o passeio, pois pude aprender sobre a história de um antigo palácio que eu nem imaginava que existia, e ainda mais no meu estado, do qual eu também aprendi um pouco mais. Gostei muito!!!”
Daniel Silveira Duarte Filho 7ª 01


“É muito interessante ir visitar este Palácio, pois encontramos lá um importante exemplar da arquitetura do final do século XIX. Vale muito a pena ir lá! Pois você que é catarinense tem o direito de conhecer um pouco da história de SC!”
Daniela Pereira 7ª 01




Memórias da Escolinha de Arte de Florianópolis junto ao 
Museu de Arte de Santa Catarina 

        
  Elza Bonnassis da Nova
Prof.ª da Escolinha de Arte de Florianópolis (1966 a 2007)


Baseada na proposta de Augusto Rodrigues, renovar métodos e processos da educação através do desenvolvimento da capacidade criadora da criança, nasce na capital de Santa Catarina, a Escolinha de Arte de Florianópolis.
Segundo Augusto Rodrigues, a primeira escola que freqüentou quando criança, foi muito repressiva, impedindo-o a qualquer aspiração de comunicar-se, expressar-se e relacionar-se humanamente. Foi então, o desenho o caminho para que ele se encontrasse consigo mesmo.
Após muita luta por volta do ano de 1948, Augusto Rodrigues concretiza seu sonho, criando um lugar onde as crianças pudessem desenvolver a sua capacidade de criar expressando livremente a arte. Surge assim a primeira Escolinha de Arte do Brasil, no Rio de Janeiro.
 No ano de 1961, Celso Ramos governava Santa Catarina. E o professor João Evangelista de Andrade Filho, diretor do MAMF, Museu de Arte Moderna de Florianópolis, preocupado com a arte educação em nosso Estado, prepara a Escolinha de Arte.
Mais tarde, em 1963 , a então Diretora da Cultura, Emiliana Cardozo da Silva, apoiando o professor João, segue em frente com a idéia. Porém Emiliana fica na cultura apenas de 1963 a 1964.
Então Carlos Humberto Corrêa, um catarinense de 21 anos, estudante de História da UFSC, assume a direção do Departamento de Cultura levando em frente o projeto do professor João, tornando o MAMF a primeira morada da Escolinha.
De maneira informal, sem divulgação maior, a Escolinha de Arte de Florianópolis foi criada em junho de 1963 por iniciativa da professora Maria Helena  Galotti Mamigonian.
Informalmente ou oficialmente estava a Escolinha sediada ao MAMF, Museu de Arte Moderna de Florianópolis situado na Rua Tenente Silveira, no centro da cidade.
Tendo o Museu  realizado várias exposições de desenhos infantis, Maria Helena chama as próprias crianças que expuseram seus trabalhos nesse período para tornarem-se seus primeiros alunos.
O fato de a Escolinha estar ligada ao MAMF, deu a ela uma situação bastante sustentável, já que suas atividades eram apreciadas em exposições realizadas anualmente no Museu.
A primeira exposição, cujo catálogo foi produzido graficamente pelo professor Carlos Humberto Corrêa, diretor do Museu entre 1963 a 1969, apresentava na capa o desenho da aluna Maria Inês Cardozo da Silva. Este desenho passou a ser instituído símbolo da Escolinha de Arte.
O objetivo principal da ESCOLINHA era oportunizar o desenvolvimento da expressão criadora das crianças entre três e treze anos de idade, através do desenvolvimento das artes plásticas,  musicalização e  artes cênicas, dando liberdade de ação sem a preocupação de ensiná-las, apenas orientá-las.
De 1963 a 1979 a Escolinha acompanhou o MAMF durante várias moradas. Primeira morada: na Casa de Santa Catarina, na rua  Tenente Silveira, onde hoje é a Biblioteca Pública.
Sua primeira acomodação consistia em apenas duas mesas quadradas com quatro crianças, cada uma. O número de crianças por semana era de quarenta alunos. Atendiam aos alunos, apenas duas professoras, Heloisa Hoeschl e Cora Medeiros, que eram orientadas pela diretora, Maria Helena. Isto até 1965. Em 1966 foram designadas as professoras Miriam Luz Medeiros e Elza Bonnassis.
O primeiro curso que a Escolinha ministrou foi o de TEORIA E PRÁTICA DA ARTE INFANTIL, no ano de 1968. As professoras Maria Helena, Heloisa, Cora e Elza, foram as ministrantes. Professoras de outras localidades receberam orientações nas artes plásticas. Este curso foi pioneiro em Florianópolis.
Segunda morada: nos fundos da Casa de Santa Catarina em duas casas de madeira. Ainda na Rua Tenente Silveira. O número de alunos aumentava cada vez mais. Em julho de 1968 mais uma arte educadora chegava à Escolinha, Gleusa Timm da Costa. É criado o CREC, Curso Regular de Educação Criadora, com o objetivo de desenvolver a expressão criadora da criança de 4 a 13 anos.
A Casa de Santa Catarina, nesta época, não mais servia ao MAMF. Este muda-se  para a Av. Rio Branco nº 160 e a Escolinha acompanha o MAMF.
Terceira morada: a Escolinha ocupa o porão desta mesma casa situada na Avenida Rio Branco.
Quarta morada: a outra metade da casa é desocupada, o número de alunos aumenta, e a Escolinha passa a ocupar esta parte da casa. Ainda nesta época, nos fundos do museu, em uma casa de madeira, artistas plásticos como Sílvio Pléticos, Jairo Schmidt e Graziela Reis, tinham seus ateliers onde recebiam seus alunos. Durante este período o museu proporcionou às nossas crianças grandes oportunidades para o desenvolvimento da arte.
Quinta morada: o museu retorna à Rua Tenente Silveira, ocupando uma casa com bastante quintal, o que dava à Escolinha maior  expansão para as suas crianças desfrutarem de  atividades ao ar livre.
Sexta morada: a Escolinha se desvincula do MAMF, e vai para uma casa na rua Saldanha Marinho.
Sétima morada: no subsolo da Biblioteca Pública. Neste espaço, mais ou menos por volta dos anos 80, a Escolinha atendia  uma base de 600 crianças, já que nossa equipe  era constituída por 30 arte educadores, cada um com a sua formação artística, ou seja, as artes plásticas, a musicalização, as artes cênicas.
Ministrávamos cursos para professores estaduais até as oitavas séries, os chamados CICE – Curso intensivo de criatividade nas escolas. O objetivo deste curso era ampliar o conhecimento dos professores de arte nas escolas públicas do Estado de Santa Catarina Viajávamos com frequência, para atualização dos nossos conhecimentos, a bienais e importantes exposições, dentro e fora do nosso Estado. A Escolinha transformou o pensamento da arte nas escolas, proporcionando novos caminhos para unir arte e educação.
Entre os arte educadores da Escolinha, constituímos o GRÊMIO, instituição que nos permitia arrecadar fundos para empregarmos nas nossa viagens culturais anuais.
Enquanto permaneci na Escolinha, esta foi  administrada por seis arte educadoras:  Maria Helena Galotti Mamigonian; Heloisa Hoelschl Gonçalves; Gleusa da Costa Zabott; Rosane Martins; Dulce Rodrigues da Silva; Elza Bonnassis da Nova. Atualmente, Alessandra Guisi Zapeline, encontra-se à frente desta instituição.